Blues do guitarrista Marcos Ottaviano vence as cobranças da tradição

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São poucos os artistas capazes de encontrar o ‘veio de ouro’ em trabalhos feitos sob o peso da tradição. Tradições pesam toneladas e podem se tornar amarras difíceis de serem rompidas em nome de alguma inovação. Por exigirem veneração ancestral e culto ao passado, podem travar quem cria e tornar tudo reincidente, repetitivo, acomodado, simplista. Gêneros como o blues e o jazz, então, quando visitados por brasileiros, são submetidos a dois filtros perigosamente interligados: a tradição e o território. Se os próprios músicos norte-americanos discutem o esgotamento de suas formas, como os estrangeiros a eles podem soar autênticos?

O blues encontrado pelo guitarrista Marcos Ottaviano rompe as barreiras psicológicas da tradição por assumir-se sem intenções disruptivas nem egóicas, mas de forma lapidar. Ottaviano investe em um blues que não quer recriar a roda. O que ele faz é apurá-lo em notas e depurá-lo em grupo. Estudioso e professor ao mesmo tempo, autor de métodos referenciais sobre guitarra blues, ele deixa transparecer no álbum o que o move desde 1990, quando fundou o grupo Companhia Paulista de Blues, ou nos treze anos em que construiu, ao lado do baterista e vocalista Junior Moreno e do baixista Andrei Ivanovic, a trajetória do maior trio de blues brasileiro, o Blue Jeans.

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